Futurecom 2016: o freio da economia toma protagonismo na indústria
0FUTURECOM 2016 – Terminou mais uma edição de Futurecom, este ano, formada por uma economia em recessão que afeta não somente o Brasil, e além disso, enfrentou o processo de instabilidade política devido a destituição de Dilma Rousseff. Toda a América Latina sofreu de alguma maneira com esse processo. O congresso não esteve distante dessa realidade e em cada uma das reuniões e painéis, se discutia esse problema e os desafios da indústria em manter um crescimento diante de um contexto desfavorável.
A receita para enfrentar esta situação não é única. No caso das operadoras, em muitos casos trata-se de incrementar ainda mais o gasto em tecnologias que permitam melhorar a eficiência operacional -esse é o plano de TIM Brasil- ou buscar outras fontes de ingresso dentro da nova economia digital, como é o caso de Telefônica no Brasil. E nesse sentido, aparece a promessa da Internet das Coisas (IoT), talvez, o tema mais comentado, mas que ainda tem muito para desenvolver e ser trabalhado em términos de modelo de negócio (ainda que não devemos esquecer que as operadoras já possuem algumas experiências conectando coisas para seus clientes corporativos).
Para os fabricantes a realidade é outra: Ericson admitiu que poderia fechar fábricas no Brasil devido a seus próprios problemas econômicos e uma legislação brasileira que não a acompanha. No entanto, Huawei afirma que as políticas de proteção -que acompanharam a indústria de dispositivos na américa latina durante a última década- podem ser boas em um curto prazo, e a largo prazo, deveriam desaparecer para que seja possível avançar até uma indústria global de dispositivos e equipamentos.
O processo de recuperação judicial da Oi não ficou fora de cena e teve bastante destaque: a pensar de que o governo e os próprios competidores acreditem que o processo de renegociação da dívida será possível, a indústria se prepara para uma reviravolta: a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) destacou que poderia investir na companhia se for preciso e Claro (América Móvil) admitiu que poderia estar interessada em adquirir ativos se a Oi decidir colocar-se a venda. Por outro lado, sua rival Telefônica, afirmou que não está interessada em adquirir nenhum ativo de Oi.
No congresso e nos corredores de Futurecom se respirava certa confiança, logo após anos de uma economia brasileira com sinais de estancamento. O novo governo -com um plano de banda larga muito mais realista que o anterior e com uma atitude mais aberta ao mercado- é visto com bons olhos pela indústria que espera uma recuperação econômica que lhe permita voltar a tomar o protagonismo e os bons resultados que eram vistos em anos anteriores.
Em quanto a anúncios de implementação de tecnologias, não aconteceu em quantidade. As operadoras seguem com um nível de investimentos em lançamento de 4G -especialmente na banda de 700 MHz, que está sendo liberado no país-, refarming de espectro e carrier aggregation com o objetivo de melhorar a qualidade de serviço oferecida ao usuário.
Claro e Ericsson aproveitaram o evento para mostrar algumas provas de laboratório de equipamentos pré-comerciais de 5G, ainda que os planos de lançamento da tecnologia tem nada marcada para 2020, quando o processo de estandardização esteja finalizado.
Futurecom encerra, outra vez, com mais perguntas que respostas. Mas confiante de que o futuro será melhor.